O escroto...alguem se lembra?
Aqui fica um excerto deste artigo que li na minha ronda matinal pelos jornais...
"Um caloiro de Medicina de Coimbra foi ferido no escroto – bolsa que envolve os testículos – durante o julgamento da praxe da Universidade de Coimbra, quando vários doutores decidiram rapar-lhe os pêlos púbicos. O aluno do 1.º ano, de 19 anos, teve de receber assistência hospitalar e já apresentou queixa ao Conselho de Veteranos da universidade...Para ser praxado o aluno foi imobilizado por colegas mais velhos e alguns começaram a rapar-lhe os pêlos púbicos com uma lâmina de barbear. Dessa acção resultou o rompimento de parte do escroto do caloiro."
Eh pá...o jornalista esqueceu-se na definição de escroto que a bolsa que envolve os testiculos é cutânea. Um preciosismo...hehe
Agora mais a sério, como é que estas situações sucedem?
1 Comments:
Embora abordes esta situação pelo aspecto mais ridículo, entenda-se o estilo do jornalista, não posso deixar de dizer que este artigo faz referência a um problema grave que persiste em Portugal.
Já não é a primeira vez que são tornados públicos casos em que estudantes universitários, sob a capa da tradição académica, abusam dos recém chegados às lides do ensino superior. Esta realidade verifica-se sobretudo em cidades mais marcadas por estas tradições, como Coimbra ou até o Porto, assim como em universidades privadas. Se numas se entende tamanho apego à tradição, nas outras avento a possibilidade de esta ser a única coisa a que se podem agarrar para se sentirem imbuídos do espírito universitário, visto ser do conhecimento geral a falta de qualidade do ensino que oferecem. Voltando à questão das praxes, resta-me dizer que nutro um desprezo profundo pelos alunos envolvidos neste género de práticas. O cerne do problema reside no entendimento que se tem acerca das praxes. Na teoria, o seu objectivo é a integração dos caloiros, ajudando-os a travar conhecimento com os seus novos colegas. Mas a teoria é a teoria. Na realidade, verifica-se a facilidade com que umas brincadeiras inocentes resvalam para a humilhação dos alunos. Os chamados "veteranos" aproveitam esta semana para, reunidos na chamada "comissão de praxes", obrigar os caloiros a tratarem-nos com o devido respeito, precise-se, não os olharem nos olhos, assim como acatar ordens emitidas aos gritos. Talvez pareça evidente à pessoa comum que estes indivíduos não passam de idiotas, frustrados com o insucesso da sua vida, que aproveitam esta semana para se sentirem importantes e sobretudo ouvidos. Mas para alunos do primeiro ano de faculdade, que se encontram num ambiente desconhecido, na maioria das vezes muito diferente das suas cidades, liceus e amigos, talvez isto não seja uma evidência. De facto, as ameaças dirigidas aos caloiros, consequência da não colaboração nas actividades e do não respeito pelo espírito académico, podem pesar na hora de escolher entre recusar-se a participar nestas práticas ou ser humilhado em silêncio. Existem ainda, como no caso concreto, situações em que é impossível evitar a humilhação.
Chega de invocar o espírito académico para legitimar as maiores barbaridades. O ensino superior não é um universo paralelo, logo rege-se pelos mesmos princípios que regem o estado de direito em que vivemos. Finalmente se começa a dar a importância que estes casos merecem e começam a ser punidos legalmente os responsáveis por estes actos absolutamente vergonhosos. Fico sinceramente satisfeita.
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