segunda-feira, março 26, 2007

A propos dos "Grandes portugueses"

Do programa de ontem, apenas registo:
-a incrivel falta de educação de Odete Santos
-a sua terrivel falta de respeito para com as outras pessoas na plateia (defensores de personagens históricas ou publico)
-a sua grande demonstração de desrespeito pelos principios acordados entre os participantes

Uma situação foi bem representativa do que o nosso país seria se estivessemos nas mãos desta "casta" de pessoas. A peicheirada realizada depois do anuncio dos resultados mas acima de tudo a divulgação ao país de que o PCP tinha enviado uma carta à rtp indicando que Salazar não poderia estar em 1º lugar devido a princípios constitucionais apenas demonstra 2 coisas: o medo do PCP do que o povo pensa; a forma pela qual estariamos em constante manipulação de resultados eleitorais se estas gentes estivessem no poder. Isto porque o "politburo" português não pode aceitar que certa pessoa ganhe um, vejamos bem, "concurso televisivo". Imaginem se fosse a sério...

A fazer lembrar certos regimes que eles tanto criticam..

Quanto aos resultados, faço minhas as palavras de Paulo Portas: "Como é que um país com um século XV tão brilhante se volta para um século XX tão tristonho...?" Salazar ganhou, parece-me normal, faz parte daquele saudosismo tão querido a nós que nos faz adorar os anti-heroís (cf. D. Sebastião). Não penso que se deva tirar alguma ilação especial sobre os resultados, apenas uma reflexão curiosa:

Será que os votantes queriam ao nosso Doutor Salazar na cadeira de Teixeira dos Santos enquanto ministro das finanças de Socrates? (brincando)

5 Comments:

At 27 março, 2007, Anonymous Anónimo said...

Antes de mais permito-me mostrar o meu espanto ao saber que desta noite de escolha do “Grande Português” tu apenas registas o discurso e o comportamento de Odete Santos. É no mínimo curioso que a revelação de um resultado tão descabido, como a eleição de Salazar com uma percentagem significativa, tenha no teu texto tão pouco protagonismo. Preferes sublinhar uma indignação que, embora sui generis, não deixa de ter fundamento e de ser mais do que natural. Por um lado, é verdade que a nossa Constituição de 1976 é bastante clara quanto ao seu posicionamento em relação à ideologia fascista. Disso são prova o seu preâmbulo e vários preceitos (cf. Art. 46º CRP). Dir-me-ás que a Constituição ficou excessivamente marcada pela revolução de 1974. Estou de acordo. Mas isso não torna menos válidos os argumentos de Odete Santos. Por outro lado, a falta de respeito que invocas, não me pareceu mais do que mera reciprocidade. Talvez não tenhas reparado, mas durante as intervenções de Odete Santos eram perceptíveis risos provenientes da bancada dos, passo a expressão, “apoiantes de Salazar”. Não pretendo legitimar o comportamento de Odete Santos, apenas mostrar que o comportamento desadequado pautou os dois lados da bancada.

Assim que percebi que este programa não ia passar de uma batalha ideológica desactualizada e descontextualizada entre comunistas, salazaristas, idiotas e inconscientes, fiz questão de me auto-excluir desta consulta popular. Quero com isto dizer, que me envergonha tanto este resultado como se Cunhal tivesse saído vencedor. Ou melhor, envergonharia, se eu tivesse votado e pretendesse ter voz nessa escolha. De resto, para mim Salazar e Cunhal são as duas faces de uma mesma moeda. Salazar foi um ditador. Cunhal tê-lo-ia sido se lhe tivessem dado a oportunidade. Discordo daqueles que atribuem a Cunhal a paternidade da democracia portuguesa, em detrimento de Mário Soares. Discordo também daqueles que não reconhecem a coragem de Álvaro Cunhal, por ter passado grande parte da vida no cárcere lutando pelos seus ideais, que devem obviamente ser considerados tendo em conta o contexto histórico. O problema de Cunhal foi o mesmo do PCP de hoje, ficou parado no tempo, não evoluiu e não quis ver a realidade decepcionante do seu comunismo. Quanto a Salazar, tu falas em saudosismo. Eu não estou segura que seja bem isso. Li na imprensa este fim de semana e não resisto a citar algumas das pessoas que assumem orgulhosamente ter votado em Salazar. São sobretudo jovens e reformados que justificam esta escolha como uma forma de protesto. Um jovem de 22 anos afirma: “Salazar teve o defeito de deixar o país num estado de atraso, mas teve a virtude de deixar as finanças bem organizadas”. Gosto da maneira como este menino, nascido e criado em democracia fala desse pequeníssimo defeito de Salazar que foi pura e simplesmente privar as pessoas de liberdades individuais básicas. Mas as finanças ficaram impecáveis! Ah bom, assim salva-se a honra do convento. Desta feita, uma senhora de 64 anos desabafa: “Sou a favor de Salazar. Eram precisos dois como ele para endireitar o país”. Bem, se em relação ao rapaz eu tinha dificuldades em classificá-lo em uma das categorias acima mencionadas, por estar indecisa entre o idiota e o inconsciente, quanto à senhora não há margem para dúvidas: é uma idiota. Esta gente que parece gostar tanto de protestar, talvez não esteja a compreender que, se de facto existisse um Salazar, nem sequer eram precisos dois, este género de desabafos podiam ser motivo para uma visitinha da PIDE. O rapaz havia de gostar, essas visitinhas também eram “bem organizadas”. Irrita-me este passar a mão pela cabecinha do Salazar, que foi muito maroto mas não faz mal porque cuidou das finanças e nos livrou da Segunda Guerra Mundial. Então e as pessoas? A liberdade de expressão? A guerra colonial? Ainda assim acham que chega passar-lhe a mão pela cabeça e rotular este ditador como o “Grande Português”? Não percebo, nem quero.

Quanto ao facto de dizeres que não passa de um “concurso televisivo”, não considero que torne o resultado menos preocupante. Como alguém dizia na rádio no outro dia “um país dividido entre Cunhal e Salazar é um país que está doente”. Claramente.
A esta hora estão o Camões e o Pessoa nos copos incrédulos com tudo isto. O Vasco da Gama atirou-se ao mar. O Marquês, coitado, chora, mas é pelas obras do metro na Baixa. O D. Afonso Henriques então está a dizer: “ se eu soubesse que era para isto, tinha ficado quieto”.

 
At 27 março, 2007, Blogger Pedro said...

Percebo o teu legitimo "espanto" pelo facto de eu me ter centrado quase exclusivamente no discurso e comportamento de Odete Santos. Passo a explicar-me assegurando-te desde já que esta escolha não obedece a qualquer simpatia politica ou outra qualquer interpretação, quanto a mim descabida até pelo tom utilizada no post. Deve-se simplesmente à minha crença de que, contrariamente ao que tu afirmas, a sociedade portuguesa está longe de estar dividida entre Salazar e Cunhal. Não vejo no resultado deste (insisto) "concurso televisivo" nada mais que uma votação militantista entre dois grupos(pequenos) comprometidos da sociedade portuguesa, algo totalmente impossivel em relação aos outros candidatos.

Quanto à Constituição Portuguesa, certa como tu dizes muito marcada pelo periodo imediato pós 74, é clara quanto à ideologia facsista. Porem não me parece que se oponha á participação(não voluntária) de todo membro ligado ao Estado Novo em qualquer documentário televisivo ou programa de outro genero. 30 anos deveriam permitir-nos um certo distanciamento e favorecer uma certa interpretação da nossa "carta maxima". Odete Santos utilizou os termos "propaganda fascista", parece-me uma interpretação muito arrancada a ferros para um programa da televisão pública que aliás até era um concurso. Por meu lado considero que discutir o Esatdo Novo apenas traz aspectos positivos para a sociedade portuguesa. Aliás, ocultá-lo obrigarnos-ia a ocultar muitas outras partes da nossa História durante a qual portugueses cometeram tamanha ou maiores atrocidades.

Quanto ao resto junto-me a ti para considerar uma pena, talvez mesmo lamentavel, que Salazar e Cunhal tenham ocupado os dois primeiros lugares do podio.

Pedro

 
At 28 março, 2007, Anonymous Anónimo said...

Pedro dejate de joder con la pobre Odete Santos e indignate por haber nacido en un pais en el que un dictador (si es fascista o no es accesorio) es considerado el mas grande hombre ! Repitamoslo ainda uma vez mais: um ditatdor ! Full Stop.

Un abrazo

Benja

 
At 28 março, 2007, Blogger Pedro said...

Caro Benja,

O país não considera um ditador o maior Homem de sempre. Um pequeno grupo de militantes muito motivados consideram. Tomar o resultado de um concurso televisivo pela ideia de um país parece-me muito reductor. Eu não faço essa analise! A analise que eu fiz foi a de um espectador de um programa de televisão, não qual se tivesses assistido terias notado o quão desgradavel foi ter de suportar o personagem de Odete Santos durante 3 horas.

Tenho dito,
(m´encanta) Pedro;)

 
At 28 março, 2007, Anonymous Anónimo said...

Discussão mais pertinente teria sido discutir o melhor treinador do benfica dos últimos 10 anos.. O italiano, o engenheiro ou o Sr. Koeman.. essa sim eu teria votado :)
Grande abraco

 

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