Mme la Presidente?

Resultado claro e inequivoco. O PS perseguido pelo espectro de uma divisão à esquerda que resultou no “pesadelo” de 2002 provou ontem que quer para ir para a frente unido. Marie-Ségolène Royal, mulher do secretário geral do partido François Hollande, toma as redeas do sonho socialista de reconquistar o Elysée em 2007 depois de mais de 10 anos longe do palacio mais pretendido de França. Por enquanto tem o mérito de ter trazido um novo folego ao partido, de se ter estrategicamente apoderado de temas até então avessos à esquerda francesa e de ter construido uma maquina mediatica à sua volta que desde já lhe garante bem mais hipoteses que o seu antecessor Lionel Jospin. No minimo curioso é como se pode considerar o seu percurso de vida. Filha de Pai militar e de uma familha numerosa, foi altamente marcada pela educação militar que lhe foi incutida. Desde cedo se revoltou contra esta realidade e cortou relações com o pai. O seu percurso de ensino superior começou em Sciences Po, onde conheceu o seu actual marido, François Hollande, tendo de seguida integrado a super selectiva ENA(École Nacionale d´Administration) quem tem por unica e exclusiva função formar os futuros altos quadros da função publica francesa. No ambito profissional foi subindo no aparelho do partido paralelamente ao seu marido integrando as equipas de diversos homens fortes da história do partido. Enquanto Presidente da Region Poitou-Charentes, cargo que ainda ocupa sucedendo ao ex-primeiro ministro Jean-Pierre Raffarin, foi aos poucos tornando-se na menina bonita dos media francesas oferecendo-lhes ao mesmo tempo medidas mediaticas e pseudo-inovadoras(Democratie Participative), e momentos de eleição que quebram o protocolo do Homem politico francês(passeando de biquini pelas praias francesas). Não admira portanto a sua exposição na imprensa. Nas ultimas semanas foi capa da Times e merecedora de artigos em quase todas as revistas de referencia pela Europe e pelo mundo fora. Se lerem a Visão desta semana, lá encontrarão o inevitavel artigo da prache.
Por enquanto é apenas candidata, ainda para mais tendo provavelmente de enfrentar o monstro politico que é Nicolas Sarkozy. Mas o Elysée nunca esteve tão perto de abrir as portas a uma senhora que apresenta o percurso tipico de qualquer homem de primeira linha politica em França, mas neste caso, acontece que é uma senhora…